segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Um pouco de História

Pensa-se que o Tríptico da Vida de Cristo seja a mais antiga de todas as pinturas da Igreja de São João Baptista, que terão sido produzidas num período entre 1510 e 1541, ou seja, na primeira metade do século XVI.

O Tríptico da Vida de Cristo terá resultado de uma encomenda do próprio rei D. Manuel I para o baptistério da igreja de São João Baptista, então remodelada no ano de 1510, onde terá permanecido até à segunda metade do século XVII – altura em que terá sido desmanchado e adaptado para ser colocado no retábulo do altar-mor da igreja.

Em meados do século XIX o painel central, que representa o Baptismo de Cristo, terá sido retirado do altar-mor, emoldurado e colocado na parede poente da sacristia da igreja. Os volantes terão permanecido incorporados no retábulo do altar-mor.

Assim terão permanecido dispostas as pinturas até 1919 quando, face ao já avançado estado de degradação das Bodas de Caná, a União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo  terá chamado a Tomar um dos pioneiros da Conservação e Restauro em Portugal, o Professor Luciano Freire para fazer algo a respeito da situação.
Tendo retirado a pintura do seu lugar no retábulo e observado que havia uma pintura no verso (São João Evangelista), Luciano Freire percebeu que se trataria do volante de um tríptico e, ao detectar semelhanças com a pintura das Tentações de Cristo, ordenou igualmente a sua retirada do retábulo, confirmando as suas suspeitas: também esta pintura apresentava o verso pintado (Santo André), ou seja, ambas as pinturas fariam parte de um tríptico. Restava encontrar o painel central, tarefa que não foi muito difícil: entrando na sacristia Luciano Freire encontrou o que procurava, a pintura do Baptismo de Cristo, que muito se assemelhava aos recém-redescobertos volantes.

No seguimento destas descobertas, as pinturas do tríptico rumariam a Lisboa pela primeira vez em 1923 para serem restauradas pelo professor Luciano Freire e lá ficariam até 1936, ano em que voltariam a ser emolduradas enquanto conjunto e colocadas no baptistério da igreja, recém-remodelado para o efeito, e onde ainda hoje permanecem.

Placa na moldura do tríptico indicativa do restauro pelo Professor Luciano Freire. (Foto: Erica Eires)

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