Pensa-se que o Tríptico
da Vida de Cristo seja a mais antiga de todas as pinturas da Igreja de São
João Baptista, que terão sido produzidas num período entre 1510 e 1541, ou
seja, na primeira metade do século XVI.
O Tríptico da Vida de
Cristo terá resultado de uma encomenda do próprio rei D. Manuel I para o baptistério
da igreja de São João Baptista, então remodelada no ano de 1510, onde terá
permanecido até à segunda metade do século XVII – altura em que terá sido
desmanchado e adaptado para ser colocado no retábulo do altar-mor da igreja.
Em meados do século XIX o painel central, que representa o
Baptismo de Cristo, terá sido retirado do altar-mor, emoldurado e colocado na
parede poente da sacristia da igreja. Os volantes terão permanecido incorporados
no retábulo do altar-mor.
Assim terão permanecido dispostas as pinturas até 1919
quando, face ao já avançado estado de degradação das Bodas de Caná, a União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo
terá chamado a Tomar um dos pioneiros da Conservação e Restauro em Portugal, o
Professor Luciano Freire para fazer algo a respeito da situação.
Tendo retirado a pintura do seu lugar no retábulo e
observado que havia uma pintura no verso (São
João Evangelista), Luciano Freire percebeu que se trataria do volante de um
tríptico e, ao detectar semelhanças com a pintura das Tentações de Cristo, ordenou igualmente a sua retirada do retábulo,
confirmando as suas suspeitas: também esta pintura apresentava o verso pintado
(Santo André), ou seja, ambas as
pinturas fariam parte de um tríptico. Restava encontrar o painel central, tarefa
que não foi muito difícil: entrando na sacristia Luciano Freire encontrou o que
procurava, a pintura do Baptismo de
Cristo, que muito se assemelhava aos recém-redescobertos volantes.
No seguimento destas descobertas, as pinturas do tríptico
rumariam a Lisboa pela primeira vez em 1923 para serem restauradas pelo
professor Luciano Freire e lá ficariam até 1936, ano em que voltariam a ser emolduradas
enquanto conjunto e colocadas no baptistério da igreja, recém-remodelado para o
efeito, e onde ainda hoje permanecem.
Placa na moldura do tríptico indicativa do restauro pelo Professor Luciano Freire. (Foto: Erica Eires) |
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